segunda-feira, maio 09, 2016

Giro Saúde: Pelos menos cincos anos para concluir vacina contra a Zika / Atividade física emagrece? A ciência finalmente responde

Pesquisadores devem levar pelo menos cinco anos para concluir vacina contra o Zika


Equipe combate o mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da Zika, no Rio de Janeiro durante o Carnaval deste ano(Leo Correa/AP)

Pesquisadores ainda devem demorar pelo menos cinco anos até disponibilizar uma vacina contra o Zika, vírus já disseminado em todos os estados brasileiros e em cerca de 40 países e territórios. A previsão é o vice-diretor do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, José Cerbino Neto. "Isso envolve o desenvolvimento de adjuvantes, de estratégias vacinais, de modelos experimentais para persistência e resistência da infecção. Além disso, o produto tem que estar em condição de testagem humana, e isso leva tempo, e também leva tempo os estudos de fase um, dois e três", disse Cerbino Neto, em audiência pública na Câmara dos Deputados na quinta-feira (5).


Para o desenvolvimento de um imunizante, são necessárias várias etapas, que vão desde a decisão de que tipo de tecnologia será usada até a comparação entre grupos que foram imunizados e que não foram. A primeira vacina contra a dengue, por exemplo, desenvolvida pelo laboratório francês Sanofi Pasteur, levou 20 anos para ser concluída. Mas os especialistas ressaltam que, enquanto a dengue tem quatro subtipos, o zika só tem um, o que facilitaria. "Temos um horizonte de pelo menos cinco anos, antes disso, acho que a gente não tem como ter uma resposta mais concreta sobre a eficácia dessa vacina".

Na audiência, Cerbino Neto ressaltou que o vírus Zika se espalhou mais rapidamente do que a dengue e a chikungunya, vírus transmitidos pelo mesmo vetor, o Aedes aegypti. "A gente tem relatos da identificação do vírus em outros fluidos corporais, mas não temos como afirmar que há transmissão por essas outras vias nem qual o risco dessas transmissões", relatou o especialista.

Também em audiência na Câmara dos Deputados nesta semana, a pesquisadora Adriana Melo, presidente do Instituto de Pesquisa Prof. Joaquim Amorim Neto (Ipesq), sediado em Campina Grande, Paraíba, disse que o vírus pode ser encontrado na saliva, mas não se sabe se é possível passar a doença para outra pessoa por esse meio. "Estamos coletando saliva no instituto para enviarmos para a UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro] para que seja analisada a possibilidade de esse fluido transmitir a doença", disse a pesquisadora. A transmissão sexual já foi relatada em artigos científicos, mas ainda é objeto de estudos dos pesquisadores.

Outro alvo de pesquisa, segundo Cerbino Neto, é a proporção de infecções assintomáticas pelo vírus. Apesar de o Ministério da Saúde, desde o começo da epidemia, dizer que 80% das infecções são assintomáticas, o vice-diretor disse que ainda não se pode fazer esta afirmação com convicção. "A gente não tem uma sorologia confiável, que permita fazer o critério sorológico e saber quantas pessoas se infectaram sem que tenham desenvolvido os sintomas". A sorologia é um exame que permite saber se uma pessoa foi infectada por um vírus, mesmo depois de os sintomas desaparecerem.

Transmitido por um mosquito já bem conhecido dos brasileiros, o Aedes aegypti, o vírus Zika começou a circular no Brasil em 2014, mas teve os primeiros registros feitos pelo Ministério da Saúde em maio de 2015. O que se sabia sobre a doença, até o segundo semestre do ano passado, era que sua evolução costuma ser benigna e que os sintomas, geralmente erupção cutânea, fadiga, dores nas articulações e conjuntivite, além de febre baixa, eram mais leves do que os da dengue e da febre chikungunya, também transmitidas pelo mesmo mosquito.
Porém, em outubro de 2015, exame feito pela médica especialista em medicina fetal, Adriana Melo, descobriu a presença do vírus no líquido amniótico de um bebê com microcefalia. Em 28 de novembro, o Ministério da Saúde confirmou que, quando gestantes são infectadas pelo vírus, podem gerar crianças com microcefalia, uma malformação irreversível do cérebro que pode vir associada a danos mentais, visuais e auditivos. Pesquisadores confirmaram que a Síndrome de Guillain-Barré também pode ser ocasionada pelo Zika.

De acordo com o primeiro boletim da doença divulgado pelo Ministério da Saúde, em fevereiro e março deste ano foram notificados 91.387 casos prováveis de infecção por zika no país. A chegada do vírus ao Brasil elevou o número de nascimentos de crianças com microcefalia de 147, em 2014, para pelo menos 1.271 casos de outubro do ano passado a 30 de abril deste ano.

Da Agência Brasil

A atividade física emagrece? A ciência finalmente responde

De acordo com a análise de 60 estudos científicos, os exercícios, embora essenciais para a saúde, são muito pouco eficazes quando a meta é perder peso

Por: Carolina Melo

Embora essenciais para a saúde, pesquisas mostram que os exercícios físicos não são a melhor estratégia para perder peso(VEJA.com/VEJA)

É comum ouvir entre os que frequentam academias de ginástica que pretendem malhar o dobro na segunda-feira para compensar as refeições calóricas do fim de semana. Há o senso comum de que o consumo excessivo de calorias pode ser revertido pelo simples fato de praticar atividades físicas. E se todo esse esforço tivesse pouquíssimo impacto no emagrecimento?

Pois a jornalista americana Julia Belluz, especialista da área de saúde, fez uma análise com base em mais de 60 artigos científicos sobre exercícios e perda de peso. Julia conversou com nove pesquisadores que atuam nessa área. A conclusão, publicada no site de notícias Vox, revelou que para quem quer emagrecer, a atividade física não é a melhor solução. Pelo contrário: ela pode passar uma falsa impressão de eficácia e dificultar a luta contra a obesidade, já que muitos se alimentam mal por acreditar que o hábito é reparado pelas horas extras de malhação.

De acordo com Alexxai Kravitz, neurocientista e pesquisador sobre obesidade do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH), dependendo do organismo de uma pessoa comum - excluindo os atletas e os profissionais que trabalham com atividade física - é possível queimar apenas entre 10% e 30% da energia realizando exercícios diariamente.

Deve-se levar em consideração que 100% da energia do organismo vem por meio dos alimentos. Isso sugere que a melhor solução para perder peso está no mesmo local onde se inicia todo o processo de engordar: na boca. Os verdadeiros impactos no corpo são notados quando a pessoa passa também a administrar melhor o quanto se consome e que tipo de alimentos está ingerindo.

Diz o nutrólogo Daniel Magnoni, do Hospital do Coração, em São Paulo "A combinação entre dieta balanceada e atividade física é essencial. Mas não basta apenas reduzir gasto calórico, pois o corpo busca energia nos músculos -- o que é ainda pior. Mas também não dá para acreditar que é possível perder peso apenas caminhando meia hora diariamente".

Uma das pesquisas mais interessantes sobre o assunto foi conduzida pelo antropólogo americano Herman Pontzer, da Universidade Hunter de Nova York. Ele analisou o comportamento de uma tribo remota da Tanzânia que vive da caça e da coleta. Durante 11 dias acompanhou os hábitos de 30 pessoas dessa sociedade, coletando informações sobre a queima calórica de todos eles. As análises foram feitas com o auxílio de uma técnica que consegue medir a quantidade de dióxido de carbono que é liberada na medida em que o organismo gasta energia.

O pesquisador esperava encontrar resultados que mostrassem que aquela tribo queimava muito mais calorias do que as pessoas que vivem nas sociedades modernas, já que o grupo estudado na Tanzânia costumava se movimentar com frequência durante o dia e era formado por pessoas magras. Entre as atividades, era comum correr para perseguir animais durante a caça, subir em árvores, plantar e empilhar alimentos. Surpreendentemente, o gasto de energia entre os integrantes da tribo estudados foi o mesmo que é observado entre pessoas dos Estados Unidos e Europa, que levavam uma vida comum. O estudo, embora pequeno, reforça a ideia de que a atividade física tem efeitos modestos na perda de peso.

Há também as linhas de pesquisa que analisam o efeito rebote dos exercícios na alimentação, fazendo uma associação entre a prática de atividade física e a quantidade de alimentos consumidos. Um estudo realizado em 2009 por um grupo de pesquisadores americanos revelou que as pessoas tendem a aumentar o consumo de alimentos após realizar exercícios -- seja porque acreditam que a queima calórica durante a atividade foi suficiente para compensar a refeição ou simplesmente porque sentiram mais fome. É como se as pessoas superestimassem o valor da atividade praticada e por isso comessem mais.

Para o fisiologista e matemático Kevin Hall, do Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais do NIH, uma fatia de pizza seria capaz de desfazer todo o esforço adquirido durante horas de exercício.

A importância da atividade física para a saúde, contudo, não é questionada e se mantém fundamental para um corpo e mente saudáveis. Os benefícios vão desde a redução da pressão arterial, taxas de triglicérides no sangue e riscos de desenvolver diabetes tipo 2 até melhor desempenho em habilidades cognitivas.



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